Cuba é um desses assuntos que causam polêmica em conversas de bar. Cada um tem uma opinião formada, e por mais que se debata é difícil mudar a visão pessoal. É como política, religião ou futebol. Aliás: Cuba é tudo isso junto – o que só ajuda a polemizar mais a questão. De qualquer maneira, seja você um revolucionário que segue de olhos vendados os passos de Che, ou um crítico que questiona até o tamanho da barba do Fidel, é certo que após experienciar a ilha sua opinião sobre Cuba vai mudar.
Obviamente o país não é tão perfeito quanto a propaganda governamental quer fazer crer, nem tão diabólico quanto defendem alguns partidários da direita. Cuba é simplesmente uma ilha caribenha, que vive um sistema econômico diferente do nosso. Sendo assim, possui uma cultura rica e multiétnica, goza dos prazeres de uma localização geográfica privilegiada, e enfrenta as vantagens e desvantagens de suas escolhas políticas e econômicas.
É ingenuidade pensar que todo cubano concorda com a administração do país. Cada um dos 11 milhões de habitantes pensa de um modo. Muitos defendem o socialismo, enquanto outros tantos o atacam. Os EUA não comercializam com Cuba, mas vimos marcas como Apple, Nike e McDonalds desenhadas pelos próprios cubanos, decorando carros, casas e lojas. Nas ruas é comum ver pessoas utilizando peças de roupa estampadas com a bandeira norte-americana, numa clara crítica ao sistema econômico cubano.
Por outro lado, também é bobagem acreditar que o socialismo arruinou Cuba. O país tem dificuldades financeiras, mas o Índice de Desenvolvimento Humano é alto. Saúde e educação são prioridades, e os cubanos falam disso com orgulho. Há centros universitários em cada canto da ilha, e o número de médicos é tão alto (70 mil, contra 50 mil em todo o continente africano, por exemplo) que eles podem se dar ao luxo de exportar doutores – como nós brasileiros bem sabemos.
Cuba, no entanto, não se resume a política. Exalta-se tanto a questão do socialismo que às vezes as demais atrações do país ficam em segundo plano. Mas a ilha tem muito a oferecer: praias paradisíacas, de mar verde e areias brancas; salsa, mambo e cha-cha-cha – ritmos tão enraizados que a maioria dos cubanos até caminham com postura de bailarinos; belas igrejas construídas no período colonial, lado a lado com fiéis celebrando a santeria, religião de origem africana. Isso tudo também faz parte de Cuba, e nós fomos até lá conhecer.

A cadeira de balanço é uma instituição cubana. Nas quatro cidades que visitamos nos hospedamos em casas de moradores, e o móvel sempre estava lá. Desde pequeno, embalado no colo da mãe, até mais velho, assistindo televisão, o cubano senta-se na cadeira de balanço.

A imagem de Che é largamente reproduzida em Cuba. Seja em retratos nas paredes das casas, adesivos nas janelas dos carros, ou estátuas em praças públicas – como essa em Santa Clara.

Em Cuba quase não há internet, vídeo-game e celular. Muitas crianças saem da aula e vão direto brincar nas ruas!
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